Opinião Política – Alexandre Nascimento (Partido Aliança)
Desgoverno
Esta é, para mim, a pior equipa governamental de sempre em Portugal!
São demasiados os erros de casting. Um número bastante considerável de Ministros e Secretários de Estado sem a mínima competência para o desempenho de tais cargos. Gente irresponsável, mal preparada e sem ponta de sentido de Estado. São inúmeras as decisões erradas, mal explicadas e com pesados prejuízos para os portugueses e para o País. Demasiadas falhas graves atrás de falhas graves… disparates atrás de disparates, que exigiriam, não um simples artigo, mas um livro inteiro para serem relembrados.
Este executivo governamental, à semelhança de muitas outras decisões absolutamente absurdas e inexplicáveis, não foi capaz de aprender com a 1ª vaga da pandemia e não teve a capacidade de propor o adiamento das eleições presidenciais ou, no mínimo, de as preparar de outra forma, tentando mitigar os eventuais riscos de saúde pública inerentes a um evento desta dimensão.
Como foram preguiçosos e irresponsáveis, governo, Presidente da República, candidatos e partidos com assento parlamentar alegam, agora, que não é possível adiar as eleições porque não se pode alterar a Constituição e que é preciso cumprir a Lei. Conversa política… apenas política! Os verdadeiros estadistas sabem que não existe nada mais importante e acima do valor da vida humana. Nada! Nem leis, nem política, nem nada! Quando se quer… quando se tem vontade real… quando se é responsável e se coloca os interesses das pessoas à frente de qualquer outra coisa não há procedimentos administrativos ou impedimentos constitucionais que o impeçam. As pessoas sentam-se à mesa e isso ultrapassa-se! De resto, num ato de elementar prudência e prevendo a 2ª vaga pandémica, os políticos de países com sistemas políticos tão distintos como a Grã-Bretanha, a Itália ou a França colocaram as suas diferenças e os constrangimentos burocráticos de lado e adiaram os seus atos eleitorais. Países a sério. Nós não podemos! Somos especiais! Os empresários que definhem, as Urgências que sufoquem, as famílias que não se abracem… as pessoas que tenham paciência, mas têm que ir morrendo. Parar a política é que não pode ser! A Constituição não deixa.
Há quase quatro meses atrás, o Partido ALIANÇA propôs o adiamento da eleição presidencial. Como a proposta “caiu em saco roto”, propôs, mais recentemente, que se pudesse votar durante dois dias consecutivos (sábado e domingo) e num horário mais alargado, das 08h às 20h. Juntamente com o já então decidido voto antecipado, estas medidas permitiriam, no mínimo, que as pessoas pudessem exercer o seu direito de forma mais espaçada e segura.
Nada!
Pois bem… decorreu, no passado domingo, o dia do voto antecipado para a eleição presidencial. Como qualquer pessoa minimamente esclarecida poderia prever, as imagens vindas de todo o País mostraram-nos um amontoado de gente em inúmeras filas para votar, ao contrário de tudo aquilo que se pede aos cidadãos… distanciamento social… “não se juntem”… “fiquem em casa”.
Pior! No dia do voto antecipado e à revelia do que está plasmado na Lei, enquanto milhares de eleitores votavam, os candidatos presidenciais e as suas equipas puderam fazer campanha eleitoral. Como diz o outro… “não pode, mas faz-se!”. Neste caso já foi possível ultrapassar a Lei… sem discuti-la… sem alterá-la… sem problema. Não dá para entender! É o desgoverno! Uma trapalhada… mais uma vez.
Com a pandemia em valores absolutamente insustentáveis, os hospitais a rebentar pelas costuras, a economia a implodir e as famílias em profunda angústia, os atuais protagonistas políticos quiseram levar isto adiante. No próximo domingo chega a 2ª dose. Filas para votar, grupos de pessoas fechadas em salas de Mesa de Voto ou equipas municipais a circular de Lar para Lar (à revelia de muitos municípios que não têm meios para o fazer, já agora). Já não importam as regras de desinfeção de espaços e superfícies (impostas a todas as outras atividades), já não interessa quantas pessoas manuseiam os mesmos papéis, já não é preciso equipamento de proteção de utilização única para entrar num Lar e contatar com um idoso… enfim, uma irresponsabilidade e uma trapalhada!
Como disse alguém, vivemos uma espécie de “Confingimento”!
Sempre quero ver quais vão ser as justificações e quem vai assumir a responsabilidade se, eventualmente, o número de pessoas infetadas disparar uma ou duas semanas depois. Espero, sinceramente, estar enganado.
Alexandre Gomes do Nascimento
Vice-presidente do Partido ALIANÇA
Pode ler (aqui) outros artigos de opinião de Alexandre Nascimento
______________________________________________________________________________________________________
As opiniões expressas neste e em todos os artigos de opinião são da responsabilidade exclusiva dos seus respetivos autores, não representando a orientação ou as posições do Jornal de Mafra